A
história do recrutamento de índios da então Província do Pará para compor
armada imperial brasileira ainda não foi escrita e é um tema que pode render
grandes descobertas.
Em palestra ontem no II Seminário de História Militar da
Amazônia Brasileira, a professora doutora em História Patrícia Melo Sampaio, da
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), falou da importância de estudos para
se buscar essas informações, pois muitos índios tornaram-se marinheiros do
Império brasileiro e foram levados para o Rio de Janeiro.
De
acordo com Patrícia, havia interesse do Império nesse recrutamento por acharem
que os índios seriam exímios navegadores dadas as condições ambientais da
região amazônica. “E a Província do Grão-Pará, da qual fazia parte o Amazonas,
durante pelo menos 30 anos, recrutou índios mandados para o Rio de Janeiro,
compondo a tripulação da armada”, contou a historiadora, lembrando que se a
iniciativa foi proveitosa para o império, pois houve um prolongamento dessa
ação, sabe-se pouco sobre o lado dos índios, como quais etnias foram
recrutadas, quantos e qual o cotidiano e o destino deles depois do recrutamento
forçado.
Convivência
Vale procurar saber como era a convivência deles com diferentes referências linguísticas, étnicas e a vida nos arsenais de marinha junto aos brancos, africanos livres e populações escravizadas, argumenta a pesquisadora, para quem a riqueza das informações a serem colhidas é desafiadora, já que esses lugares das tropas brasileiras eram espaços de convivência multiétnicas impressionantes, com tropas extraordinárias. Informações a respeito da saúde deles também são desconhecidas, aponta a professora, que foi despertada pelo tema numa pesquisa nos arquivos da Marinha.
O
professor doutor de História Francisco Jorge dos Santos, falou sobre a ação
indígena no período conhecido como Pombalino (1760 a 1808), destacando na
Capitania do Rio Negro, hoje estado do Amazonas, a história de resistência dos
índios Mura.
O
historiador chama a atenção para a duração do embate deles, que durou quase
todo o século XVIII, até chegar o chamado Auto Descimento, que é a rendição.
“Durante todo esse tempo, eles conseguiram mexer com o esquema da colonização,
perturbando que se chama de roteiro da colonização portuguesa, aperreando os
portugueses”, cita Francisco Jorge.
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