quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Presença de índios na Marinha Imperial ajuda a esclarecer formação do povo brasileiro



A história do recrutamento de índios da então Província do Pará para compor armada imperial brasileira ainda não foi escrita e é um tema que pode render grandes descobertas. 

Em palestra ontem no II Seminário de História Militar da Amazônia Brasileira, a professora doutora em História Patrícia Melo Sampaio, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), falou da importância de estudos para se buscar essas informações, pois muitos índios tornaram-se marinheiros do Império brasileiro e foram levados para o Rio de Janeiro.

De acordo com Patrícia, havia interesse do Império nesse recrutamento por acharem que os índios seriam exímios navegadores dadas as condições ambientais da região amazônica. “E a Província do Grão-Pará, da qual fazia parte o Amazonas, durante pelo menos 30 anos, recrutou índios mandados para o Rio de Janeiro, compondo a tripulação da armada”, contou a historiadora, lembrando que se a iniciativa foi proveitosa para o império, pois houve um prolongamento dessa ação, sabe-se pouco sobre o lado dos índios, como quais etnias foram recrutadas, quantos e qual o cotidiano e o destino deles depois do recrutamento forçado.

Convivência

Vale procurar saber como era a convivência deles com diferentes referências linguísticas, étnicas e a vida nos arsenais de marinha junto aos brancos, africanos livres e populações escravizadas, argumenta a pesquisadora, para quem a riqueza das informações a serem colhidas é desafiadora, já que esses lugares das tropas brasileiras eram espaços de convivência multiétnicas impressionantes, com tropas extraordinárias. Informações a respeito da saúde deles também são desconhecidas, aponta a professora, que foi despertada pelo tema numa pesquisa nos arquivos da Marinha.

O professor doutor de História Francisco Jorge dos Santos, falou sobre a ação indígena no período conhecido como Pombalino (1760 a 1808), destacando na Capitania do Rio Negro, hoje estado do Amazonas, a história de resistência dos índios Mura.

O historiador chama a atenção para a duração do embate deles, que durou quase todo o século XVIII, até chegar o chamado Auto Descimento, que é a rendição. “Durante todo esse tempo, eles conseguiram mexer com o esquema da colonização, perturbando que se chama de roteiro da colonização portuguesa, aperreando os portugueses”, cita Francisco Jorge.


Nenhum comentário:

Postar um comentário