quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Lideranças indígenas querem a desocupação da Funai em Manaus



As principais lideranças indígenas dos povos Munduruku e Mura (da terra indígena Kwatá Laranjal) e Hexkariano (do baixo Amazonas) vieram à Manaus esta semana para pedir a desocupação do prédio da Fundação Nacional do Índio (Funai), por parte de indígenas residentes na capital amazonense. Reunidos desde a última terça-feira (dia 19), o grupo de nove caciques alega que a ocupação vai completar três meses e começa a refletir de forma negativa nas comunidades que hoje são atendidas pelos serviços da Funai, nos municípios de Borba, Nova Olinda e Nhamundá.

O movimento também é contrário à saída do atual coordenador da Funai/AM, Eduardo Desiderio e, após encaminhar uma carta com 22 assinaturas à presidência do órgão, em Brasília, a comitiva reuniu-se nesta quinta-feira (dia 21) com integrantes do Gabinete de Gestão Integrada, do Governo do Amazonas, para expor os motivos do pedido de desocupação.

Na carta, as lideranças alegam que a ocupação “envergonha o povo indígena e sua imagem”, além de ser feita por pessoas que “não representam indígenas de aldeias terras indígenas da jurisdição dessa regional da Funai”.

A carta foi produzida durante reunião na Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), que recebeu as lideranças e ouviu as reivindicações, por meio do Departamento de Apoio aos Povos Indígenas (Dapi), cujo serviço é executado de forma integrada entre o Governo do Amazonas, a Defensoria Pública da União (DPU), a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE) e a Procuradoria Federal. A conversa teve a presença do procurador federal Caio Leonardo.



O grupo chegou a conversar, via skype, com a assessora do Gabinete da presidência da Funai, Lúcia Alberto, de quem receberam a garantia de que a demanda chegaria às mãos da presidenta interina, Maria Augusta Boulitreau Assirati.

Situação crítica
De acordo com o tuchaua geral da comunidade Cachoeira Porteira, em Nhamundá ( a 375 quilômetros de Manaus), Manoel Kaywana, 73, a situação começou a ficar crítica. Os prejuízos vão desde a produção de castanha à interrupção de serviços como a expedição de documentos. 

“Nossos projetos com farinha e castanha estão parados há mais de dois meses, por causa dessa atitude de pessoas que não são indígenas da base, das comunidades, que precisam bem mais de assistência”, justificou o líder indígena, que representa toda a população indígena do baixo rio Amazonas.  

Além do tuchaua, caciques como Manoel Cardoso Munduruku, 63, de Kwatá Laranjal, em Borba (a 150 quilômetros de Manaus), informaram que só voltarão para a aldeia, quando a desocupação for finalmente concretizada. 

“Não compactuamos com invasão de prédio público, vandalismo e, essa ocupação, que é feita de forma agressiva, não pode continuar”, afirmou o cacique. “Viemos aqui para solicitar providências, resolver o problema e levar uma resposta positiva para nossas aldeias”, finalizou.  

Planejamento
Conforme o conselheiro de saúde de Kwatá Laranjal, Levi Munduruku, simultaneamente à execução dos projetos, o período é de planejamento, por isso a necessidade da desocupação na Funai. O indígena chegou a sugerir a mudança de sede para Nova Olinda, no intuito de evitar novas ocupações.

Além de Seind e Funai, a discussão em torno da ação de retirada dos indígenas do prédio da Funai teve a participação de representantes da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), da União dos Povos Indígenas Munduruku e Sateré-Mawé (Upims) e Conselho dos Professores Indígenas da Amazônia (Copiam). 

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