Há vários anos espertinhos comerciantes e supostos amigos dos índios
constroem verdadeiras fortunas com o dinheiro dos índios do Maranhão. São os
chamados ‘patrões’ que seguram e administram os cartões bancários de
aposentados, funcionários, beneficiados com o Bolsa-Família e outros, de
centenas e centenas de famílias indígenas. Estamos falando de cerca de
5.000 cartões bancários que estão nas mãos de comerciantes e ‘amigos’ dos
índios nas cidades de Grajaú, Amarante, Arame, Barra do Corda, Fernando Falcão
e outros.
É um tanto difícil compreender o
porquê dessa prática que parece ter se tornado um traço estrutural da economia
indígena desde que lhes foram entregues os mágicos cartões para sacar o seu
próprio dinheiro. De um lado os índios parecem se sentir mais ‘seguros’ sabendo
que alguém administra o seu cartão, a sua grana, pois não precisam andar com
ela no bolso e podem se dirigir aos seus ‘administradores’ toda vez que
precisarem.
Mais que isso: os indígenas acham
que ao acabar o dinheiro do mês os ‘patrões’ na sua infinita bondade lhes
antecipam o do mês seguinte, o que para eles é um verdadeiro gesto de bondade.
Do outro lado, esses patrões nunca oferecem um comprovante de quanta mercadoria
foi entregue e quanto foi o seu valor para que os dois tenham uma noção dos
reais gastos realizados. Diante de algumas tímidas observações por parte dos
indígenas de que o dinheiro do mês teria se acabado cedo demais, os ‘patrões’
afirmam que tiveram que pagar juros e correção monetária. Só os patrões que
possuem o real controle das despesas que, naturalmente, se aproveitam para
aumentá-las exageradamente. Sem falar no ao de que os cartões são utilizados
para pedir empréstimos sem que os indígenas tenham conhecimento.
As poucas tentativas indígenas de se
desvencilharem de tamanha dependência não deram em nada. Nem a argumentação de
que no banco há funcionários de confiança que podem orientá-los para sacar o
dinheiro tem trazido mudanças significativas. Nos poucos casos registrados em
que os indígenas chegaram a fazer o cancelamento do seu cartão, todos eles
voltaram a entregar o novo cartão aos mesmos ou a outros patrões. Já essa nova
categoria social, no entanto, pode ser identificada claramente nessas pequenas
cidades. Seus comércios são cada vez mais surtidos, suas casas estão conhecendo
as melhores comodidades e os patrões dos índios o luxo. Algumas tímidas
tentativas de intervenção por parte do Ministério Público não deram em nada,
também porque os próprios indígenas entregam os próprios cartões
‘espontaneamente’ e ingênua e legalmente, deixam-se roubar e assaltar.
Postado por Claudio Maranhão
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