segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Encontro debate saúde e realidade dos indígenas



Entre os dias 7 e 9 de agosto, a Unigran sediou o I Encontro Nacional de Psicologia, Povos Indígenas e Direitos Humanos e o II Seminário de Saúde Mental Indígena de Mato Grosso Do Sul, organizado pelo Conselho Regional de Psicologia – CRP14/MS. O evento discutiu a questão da saúde mental, dos direitos humanos e também da realidade atual dos povos indígenas no país. O tema abordado na noite de abertura foi “A Realidade dos Povos Indígenas no Brasil: novos tempos, velhas práticas”.

De acordo com o presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Humberto Cota Verona, há dez anos que o CFP vem acompanhando a temática indígena. “O Brasil traz uma história de violência e de exclusão contra os povos indígenas, mas estamos percebendo que apesar disso a sociedade está começando a compreender que esses brasileiros originários tem um papel importante com a sua cultura”, destaca.

Humberto Verona chama atenção para a atuação do profissional, não só de Psicologia, mas da área de saúde que atua nas aldeias. “É importante respeitar a cultura indígena. Não podemos levar a ciência do branco, a nossa ciência que é muito influenciada pela Europa e pelos Estados Unidos para dentro da realidade indígena. Mas o contrário, precisamos chegar com o espírito aberto para entender, porque são costumes muito diferentes, conceitos de relação social muito diferente”, considera.

Saúde mental
Dando sequência ao evento, uma mesa de discussão tratou do assunto “Situação Nacional da Saúde Mental nas populações Indígenas”. Esse debate contou com a participação de psicólogos e lideranças indígenas de várias partes do país. O psicólogo da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e Ministério da Saúde, Lucas Nóbrega, conta que a finalidade foi identificar quais são os problemas que afetam a saúde mental dos indígenas. “Não só os agravos, mas quais os determinantes que estão por trás desses agravos. A gente vê que a questão da saúde mental ela se relaciona com as condições de vida das populações indígenas”, destaca.

Para Lucas Nóbrega há uma heterogeneidade na situação, já que são 305 etnias no país e cada uma delas tem suas características. “Cada uma com a sua cultura, com suas condições de vida é completamente diferente uma da outra. Temos a questão geográfica que pode afetar a situação da saúde mental porque vai afetar o acesso da equipe de saúde, vai afetar acesso a bebidas alcoólicas, vai afetar circulação de pessoas para a cidade até a aldeia, vai ter aldeias que são mais próximas outras que são isoladas. Um indígena vai entender que aquele sofrimento que ele tem é decorrente de um feitiço, outra etnia vai achar que é da bebida, então são concepções de saúde e doença completamente diferente entre as etnias”, explica.

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