Entre
os dias 7 e 9 de agosto, a Unigran sediou o I Encontro Nacional de Psicologia,
Povos Indígenas e Direitos Humanos e o II Seminário de Saúde Mental Indígena de
Mato Grosso Do Sul, organizado pelo Conselho Regional de Psicologia – CRP14/MS.
O evento discutiu a questão da saúde mental, dos direitos humanos e também da
realidade atual dos povos indígenas no país. O tema abordado na noite de
abertura foi “A Realidade dos Povos Indígenas no Brasil: novos tempos, velhas
práticas”.
De
acordo com o presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Humberto Cota
Verona, há dez anos que o CFP vem acompanhando a temática indígena. “O Brasil
traz uma história de violência e de exclusão contra os povos indígenas, mas
estamos percebendo que apesar disso a sociedade está começando a compreender
que esses brasileiros originários tem um papel importante com a sua cultura”,
destaca.
Humberto
Verona chama atenção para a atuação do profissional, não só de Psicologia, mas
da área de saúde que atua nas aldeias. “É importante respeitar a cultura
indígena. Não podemos levar a ciência do branco, a nossa ciência que é muito
influenciada pela Europa e pelos Estados Unidos para dentro da realidade
indígena. Mas o contrário, precisamos chegar com o espírito aberto para
entender, porque são costumes muito diferentes, conceitos de relação social
muito diferente”, considera.
Saúde mental
Dando
sequência ao evento, uma mesa de discussão tratou do assunto “Situação Nacional
da Saúde Mental nas populações Indígenas”. Esse debate contou com a
participação de psicólogos e lideranças indígenas de várias partes do país. O
psicólogo da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e Ministério da
Saúde, Lucas Nóbrega, conta que a finalidade foi identificar quais são os
problemas que afetam a saúde mental dos indígenas. “Não só os agravos, mas
quais os determinantes que estão por trás desses agravos. A gente vê que a
questão da saúde mental ela se relaciona com as condições de vida das
populações indígenas”, destaca.
Para
Lucas Nóbrega há uma heterogeneidade na situação, já que são 305 etnias no país
e cada uma delas tem suas características. “Cada uma com a sua cultura, com
suas condições de vida é completamente diferente uma da outra. Temos a questão
geográfica que pode afetar a situação da saúde mental porque vai afetar o
acesso da equipe de saúde, vai afetar acesso a bebidas alcoólicas, vai afetar
circulação de pessoas para a cidade até a aldeia, vai ter aldeias que são mais
próximas outras que são isoladas. Um indígena vai entender que aquele
sofrimento que ele tem é decorrente de um feitiço, outra etnia vai achar que é
da bebida, então são concepções de saúde e doença completamente diferente entre
as etnias”, explica.
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