Nós comunidades Guarani e Kaiowá do tekoha APYKA’I DOURADOS
MS BRASIL, vimos através deste comunicar a todos (as) que no dia 15 de setembro
de 2013, decidimos a reocupar a parte de nossa terra tradicional onde tem mina
d’água boa e restante da floresta, decidimos voltar na terra onde estão
enterrados 03 crianças atropeladas e dilaceradas pelos carros das fazendas, 2
lideranças assassinadas pelos pistoleiros dos fazendeiros, uma idosa xamã com
70 anos faleceu por intoxicação de veneno lançado de avião agrícola.
Voltamos aqui em nossa terra já pela quarta vez.
Todos esses nossos parentes mortos enterramos aqui em nossa terra Apyka’i. Há
mais de duas décadas, aguardamos a demarcação e regularização de nossa terra,
mas nunca saiu regularização de nossa terra. Fomos expulsos três vezes de
nossas terras, em 15anos, voltamos a nossa terra, já três vezes,
voltamos a reocupar e fomos expulsos de forma violentas, assim, já sofremos
três expulsões e agressões promovidas pelos fazendeiros, por isso passamos a
morar na margem da rodovia, há 14 anos.
Depois de primeiro despejo, nosso líder foi
assassinado pelos fazendeiros e enterramos o nosso líder aqui na nossa terra tradicional,
mas recentemente cemitério de nosso líder foi destruído pelo trator da usina de
álcool e cemitério gradeado pelo trator. Usina de álcool São Fernando está
plantando cana
de açúcar em cima dos cemitérios indígenas.
Todos os cemitérios de nossos antepassados foram
gradeados pelo trator da usina de álcool. Na margem da rodovia, já estávamos
condenados a morrer, não tem água potável, não tem espaço de terra para plantar
milho, batata e mandioca, por isso as nossas crianças passam miséria e fome
todos os dias, passamos mendigar nas ruas da cidade de Dourados,
pedindo resíduo de alimentos, assim passamos 14 anos.
No último mês, as nossas barracas foram tudo
queimada, os pistoleiros da usina de álcool e da fazenda não deixam mais nos
pegar água limpa da mina d’agua, só bebíamos água suja. Há 14 anos aguardamos a
demarcação de nossa terra pelo Governo e Justiça do Brasil, mas não avançou e
nem começou a regularização da terra. Há 14 anos, passamos a humilhação,
intimidação, miséria e fome por causa do despejo dos fazendeiros. Em 14 anos,
perdemos seis vidas de forma violenta.
Diante de ameaça de morte, perda de nossos parentes
e de tanto sofrimento e dor, no dia 15 de setembro de 2013, pela quarta vez,
decididos, voltamos a reocupar a nossa terra APYKA’I. Nossa decisão é lutar e
morrer todos pela nossa terra, estamos aqui com as crianças, mulheres, idosos
(as). Desde cedo de 16 de setembro de 2013, começamos a consumir a água da mina
d’agua, sentimos o ar do restante da mata, muito bom!
Voltamos e ficamos bem pertinho de cemitério de
nossos avô e avó e crianças dilaceradas pelos carros. Como já é conhecimento de
todos (as) que nós estamos sendo ameaçado de morte, as nossas vidas estão em
risco iminente, só hoje, dia 16 de setembro, sofremos três ameaça de morte e
despejo, os pistoleiros estão nos cercando, um ônibus trouxe vários homens
armados para atacar nós. Um grupo de homens jogou um veneno líquido na água. Os
pistoleiros prometem que vão atacar e despejar nós daqui. Um advogado da usina de
álcool falou e avisou que já há uma ordem de despejo judicial.
É muito claro para nós Guarani e Kaiowá que, aqui
corremos risco iminente de sofrer violência tanto pelos pistoleiros das
fazendas como pela justiça federal.
Comunicamos a todos (os) (as) que decidimos em
resistir aqui na margem do córrego e da mata ciliar de nossa terra reocupa
APYKA’I.
Atenciosamente,
Tekoha Apyka’i
Comunidade Guarani e Kaiowá do tekoha Ap
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