A
merenda escolar destinada aos povos indígenas, de modo particular à Aldeia Boa
Esperança, na zona urbana de Grajaú, entrou na pauta de discussões da Câmara
Municipal de Vereadores na sessão plenária desta terça-feira, 29 de outubro 2013.
José
Arão Marizê Lopes (PMN) confirmou que esteve naquela aldeia, na última semana e
viu os pacotes de arroz da marca FK-1. O parlamentar não admitiu que a data
estava vencida, mas disse ter achado estranho ver vários pacotes com o prazo de
validade incompletos.
“Quando
olhei os pacotes notei que havia algo errado, o vencimento 13 de junho ou
julho. A primeira impressão que eu tive é que o produto ali estava vencido e
existem informações não oficiais de que muitas coisas estão sendo destinadas
vencidas. Estão levando Tomates em grandes quantidades estragados para os
indígenas na Aldeia Bacurizinho”, afirmou.
O
parlamentar também se posicionou com relação à lista de merenda escolar da
Pré-Escola Cacique Manoel Alexandre e outras escolas de crianças não indígenas.
“Se formos fazer a comparação, iremos perceber que o distrato com os indígenas
é muito grande. Estive em outras escolas no mesmo dia e eu percebi que a mesma
lista que tem em umas escolas não tem em outras”.
Arão
Marizê também relatou, com base na notícia do Grajaú de Fato, que, após as
reportagens, a merenda de qualidade foi deixada na pré-escola às crianças
indígenas. “Dois dias depois, a equipe chegou lá com uma carrada de merenda. A
Secretaria disse que não foi por conta da denúncia e tomara que não tenha sido
e não precise denunciar outras vezes para os alunos indígenas receberem merenda
de qualidade”, alfinetou.
Outro
ponto colocado pelo parlamentar foi com relação a essa carrada de merenda
contendo polpas de frutas, carne moída, melancia e frango. Antes, segundo a
Secretaria de Educação, a aldeia não recebia esse tipo de merenda por que não
tinha como mantê-la resfriada. “Disseram que não levavam carne moída e polpas
de frutas por que não tinha frízer, mas chegaram lá com carne moída, frango e deixaram
lá no chão, sem frízer e sem nada. Outro erro no meu ponto de vista”.
Telmiston
Carvalho (PMN) negou que haja qualquer problema com a merenda escolar do
município destinada aos indígenas. Após ler a nota de esclarecimento da
Secretaria de Educação, o vereador garantiu que esteve na aldeia e que o
problema não passou de um desentendimento. Sugeriu também que alguém possa ter
apagado o carimbo que identificava o prazo de validade dos pacotes de arroz.
“Eu
estive no local e vi os pacotes de arroz. Um deles tem o carimbo da data de
fabricação, do empacotamento e a data da validade, outro está incompleto. Um
desses pacotes foi mostrado na reportagem. Por que não mostraram todos os
pacotes do mesmo lote? O que mostraram está apagado e aqui pode ter sido o dedo
de uma pessoa que tenha tirado o carimbo sem querer”.
Telmiston
disse que a data que falta no pacote corresponde ao ano de validade. “Foi
mostrado na reportagem do blog (site) e o arroz estava com o dia e o mês de
validade e o ano não constava. Inclusive um leitor pediu o ano, nos comentários
do site. Foi isso que aconteceu, mas os pacotes estavam com o mesmo lote, com a
mesma data de fabricação e a mesma data de validade”.
O
parlamentar voltou a defender a merenda escolar do município justificando que
aquela que não tem qualidade é a do governo do estado do Maranhão. Justificou
também que não chegava alguns itens da merenda aos indígenas por que falta ali
um frízer. “A merenda do município é de qualidade, a do governo é que não é e
ninguém diz nada. Eles enviam melancias passadas, abóboras. A merenda da aldeia
ficou no chão por que não tem um local adequado, ainda, para guardar tudo. Como
vão levar frios se não tem local adequado?”.
A
vereadora Alessandra Almeida (PTC) que trabalhou na Secretaria de Educação
também entrou na discussão e confirmou que o cronograma da merenda indígena
estaria pronto há bastante tempo, mas lamentou que os indígenas só estejam
sendo ouvidos agora, no fim do ano.
“Quando
foi elaborado o cardápio eu estava coordenadora da educação indígena.
Elaboramos de maneira emergencial por que a merenda precisava ser comprada e o
cronograma está pronto desde o início do ano, mas eu observo que nós indígenas
sempre ficamos em segundo plano. Nós estamos em outubro e somente agora está
havendo essas visitas. Eu digo sempre ao executivo que nós também fazemos parte
do município e merecemos os mesmos benefícios. Por que só agora em outubro, por
que não antes? Hoje em Grajaú nós não temos nenhum benefício na área indígena.
Estradas, escolas, não temos”.
Arão
voltou a tomar uma parte na discussão e respondeu ao colega Telmiston. “Eu
tenho plena convicção da minha memória. Não tenho problema de miopia, mas agora
infelizmente existem alguns pinóquios que se vestem de defensores que têm dois
ou três discursos. Eu posso fazer um relatório de acordo com a minha
conveniência, de acordo com a minha situação por que sou eu que estou fazendo
como é esse fato aí. Só foram hoje no Bacurizinho por que sabiam que eu ia
tocar no assunto. Eu sabia que eles iam para lá desde ontem se reunir com os
indígenas. Estamos no fim do mês de outubro. Será que de fato estão preocupados
com os indígenas? Estou falando da atual gestão”.
Fonte;
www.grajaudefato.com.br
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