terça-feira, 29 de outubro de 2013

Vereadores que defendem a causa indígena debatem sobre merenda escolar destinada aos seus povos



A merenda escolar destinada aos povos indígenas, de modo particular à Aldeia Boa Esperança, na zona urbana de Grajaú, entrou na pauta de discussões da Câmara Municipal de Vereadores na sessão plenária desta terça-feira, 29 de outubro 2013.

José Arão Marizê Lopes (PMN) confirmou que esteve naquela aldeia, na última semana e viu os pacotes de arroz da marca FK-1. O parlamentar não admitiu que a data estava vencida, mas disse ter achado estranho ver vários pacotes com o prazo de validade incompletos.

“Quando olhei os pacotes notei que havia algo errado, o vencimento 13 de junho ou julho. A primeira impressão que eu tive é que o produto ali estava vencido e existem informações não oficiais de que muitas coisas estão sendo destinadas vencidas. Estão levando Tomates em grandes quantidades estragados para os indígenas na Aldeia Bacurizinho”, afirmou.

O parlamentar também se posicionou com relação à lista de merenda escolar da Pré-Escola Cacique Manoel Alexandre e outras escolas de crianças não indígenas. “Se formos fazer a comparação, iremos perceber que o distrato com os indígenas é muito grande. Estive em outras escolas no mesmo dia e eu percebi que a mesma lista que tem em umas escolas não tem em outras”.

Arão Marizê também relatou, com base na notícia do Grajaú de Fato, que, após as reportagens, a merenda de qualidade foi deixada na pré-escola às crianças indígenas. “Dois dias depois, a equipe chegou lá com uma carrada de merenda. A Secretaria disse que não foi por conta da denúncia e tomara que não tenha sido e não precise denunciar outras vezes para os alunos indígenas receberem merenda de qualidade”, alfinetou.

Outro ponto colocado pelo parlamentar foi com relação a essa carrada de merenda contendo polpas de frutas, carne moída, melancia e frango. Antes, segundo a Secretaria de Educação, a aldeia não recebia esse tipo de merenda por que não tinha como mantê-la resfriada. “Disseram que não levavam carne moída e polpas de frutas por que não tinha frízer, mas chegaram lá com carne moída, frango e deixaram lá no chão, sem frízer e sem nada. Outro erro no meu ponto de vista”.


Telmiston Carvalho (PMN) negou que haja qualquer problema com a merenda escolar do município destinada aos indígenas. Após ler a nota de esclarecimento da Secretaria de Educação, o vereador garantiu que esteve na aldeia e que o problema não passou de um desentendimento. Sugeriu também que alguém possa ter apagado o carimbo que identificava o prazo de validade dos pacotes de arroz.

“Eu estive no local e vi os pacotes de arroz. Um deles tem o carimbo da data de fabricação, do empacotamento e a data da validade, outro está incompleto. Um desses pacotes foi mostrado na reportagem. Por que não mostraram todos os pacotes do mesmo lote? O que mostraram está apagado e aqui pode ter sido o dedo de uma pessoa que tenha tirado o carimbo sem querer”.

Telmiston disse que a data que falta no pacote corresponde ao ano de validade. “Foi mostrado na reportagem do blog (site) e o arroz estava com o dia e o mês de validade e o ano não constava. Inclusive um leitor pediu o ano, nos comentários do site. Foi isso que aconteceu, mas os pacotes estavam com o mesmo lote, com a mesma data de fabricação e a mesma data de validade”.

O parlamentar voltou a defender a merenda escolar do município justificando que aquela que não tem qualidade é a do governo do estado do Maranhão. Justificou também que não chegava alguns itens da merenda aos indígenas por que falta ali um frízer. “A merenda do município é de qualidade, a do governo é que não é e ninguém diz nada. Eles enviam melancias passadas, abóboras. A merenda da aldeia ficou no chão por que não tem um local adequado, ainda, para guardar tudo. Como vão levar frios se não tem local adequado?”.

A vereadora Alessandra Almeida (PTC) que trabalhou na Secretaria de Educação também entrou na discussão e confirmou que o cronograma da merenda indígena estaria pronto há bastante tempo, mas lamentou que os indígenas só estejam sendo ouvidos agora, no fim do ano.

“Quando foi elaborado o cardápio eu estava coordenadora da educação indígena. Elaboramos de maneira emergencial por que a merenda precisava ser comprada e o cronograma está pronto desde o início do ano, mas eu observo que nós indígenas sempre ficamos em segundo plano. Nós estamos em outubro e somente agora está havendo essas visitas. Eu digo sempre ao executivo que nós também fazemos parte do município e merecemos os mesmos benefícios. Por que só agora em outubro, por que não antes? Hoje em Grajaú nós não temos nenhum benefício na área indígena. Estradas, escolas, não temos”.

Arão voltou a tomar uma parte na discussão e respondeu ao colega Telmiston. “Eu tenho plena convicção da minha memória. Não tenho problema de miopia, mas agora infelizmente existem alguns pinóquios que se vestem de defensores que têm dois ou três discursos. Eu posso fazer um relatório de acordo com a minha conveniência, de acordo com a minha situação por que sou eu que estou fazendo como é esse fato aí. Só foram hoje no Bacurizinho por que sabiam que eu ia tocar no assunto. Eu sabia que eles iam para lá desde ontem se reunir com os indígenas. Estamos no fim do mês de outubro. Será que de fato estão preocupados com os indígenas? Estou falando da atual gestão”.

Fonte; www.grajaudefato.com.br

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