terça-feira, 29 de outubro de 2013

Em Nova York, Indígenas, quilombolas e ONGS apresentam violações de Direitos Humanos à Comissão Interamericana

Nova York: Indígenas, quilombolas e ONGS denunciarão à Comissão Interamericana de Direitos Humanos a violência contra defensores de direitos humanos mobilizados na luta por seu direito ao território.

Vítimas de violações de Direitos, que representam os indígenas Guarani-kaiowás e o Quilombo Brejo dos Crioulos, apoiadas por organizações de direitos humanos[1], participarão de audiência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em Nova York (EUA) sobre a situação dos defensores de direitos humanos no Brasil junto a Comissão Interamericana, que se realizará hoje, 29 de outubro, às 09:00. A Audiência será transmitida ao vivo pelo site da OAS. 

Genito Gomes, liderança Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul e José Carlos Oliveira Neto, presidente da Associação Quilombola de Brejo dos Crioulos, darão depoimentos sobre as ameaças e intimidações que são vítimas devido a luta em defesa de seu direito ao território. Estes dois casos representam a situação histórica de violações aos direitos dos povos e comunidades tradicionais no Brasil.

A liderança Guarani Kaiowá, Genito Gomes, da comunidade de Guayviry, situada no município de Aral Moreira (MS), que fica na fronteira com o Paraguai. Nísio, seu pai, foi assassinado em 18 de novembro de 2011, quando a comunidade foi atacada  por um grupo armado, envolvendo produtores rurais, advogados, organização sindical, políticos locais e empresa de segurança privada. Sobre este fato, está em trâmite Ação Penal na justiça federal de Ponta Porã, porém até o momento a justiça brasileira não puniu os responsáveis. 

A comunidade de Guayviry além de não ter acesso ao território, condição básica para realização do direito humano à alimentação adequada, não tem acesso à água potável, pois a água do rio que abastece a comunidade está contaminada por agrotóxico das plantações. A comunidade não tem acesso à educação, pois sem o território  regularizado o município alega não ter o dever de prestar atendimento educacional. De igual forma, o atendimento à saúde com qualidade não é provido, e vivem a mercê de “pistoleiros” contratados, visto que a localização geográfica é local oportuno para o trabalho de pistolagem (fronteira com Paraguai).


José Carlos de Oliveira Neto há quatorze anos luta junto com a comunidade pela garantia do direito ao território, e desde então vem sofrendo ameaças e intimidações por parte de milícias a mando de fazendeiros.  O quilombo de Brejo dos Crioulos, localizado no norte do Estado de Minas Gerais, é composto por cerca de 503 famílias que reivindicam o território que lhes foi sendo expropriado e confinando as famílias quilombolas em pequenas áreas que não garantem os direitos básicos das famílias, em especial o direito à alimentação adequada.

“A audiência nos permitirá informar a Comissão o conflito agrário Brasil, em especial aos que se referem aos povos e comunidades tradicionais  homologação de territórios, está se intensificando devido a demora nos processos de titulação dos territórios. Este fato gera um choque entre o modelo de desenvolvimento econômico, baseado na expansão de monocultivos, que grila terras e a  resistência dos povos e as comunidades tradicionais que estão mobilizados na defesa de seu direito ao território que é vital para sua subsistência e realização de seu direito a alimentação e outros direitos correlatos”, afirmam as organizações que participarão na audiência.

As mesmas organizações ressaltam: “Devido a luta para garantir o acesso aos seus territórios ancestrais, estes povos tradicionais vem sofrendo uma série de ameaças e violências que tentam ser reparadas pelo Estado através de seus programas de proteção de defensores de direitos humanos. Os programas atuam nos casos de Genito e José, respectivamente aqueles organizados em nível federal e estadual, porém não tem sido capazes de dar a resposta necessária. Além do sucateamento que vem sofrendo nos últimos anos, os programas de proteção tem apresentado uma dificuldade em tratar o problema de fundo, sem o qual o risco não cessará. Problemas com seu lado mais operacional, como disponibilização de escolta, também tem sido constantemente relatados.”

Fonte; http://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/direitos-humanos



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