segunda-feira, 21 de outubro de 2013

UFG abre 60 vagas para o vestibular intercultural para professores indígenas



As inscrições, gratuitas, começam no dia 21 de outubro e podem ser feitas até 11 de novembro de 2013 no site: www.vestibular.ufg.br. São oferecidas 60 vagas para o curso de Educação Intercultural, específico para professores indígenas que atuam na rede pública de ensino. Para se inscrever é necessário preencher um formulário no site da Universidade.

As provas serão aplicadas nos dias 07 e 08 de dezembro em Palmas, TO, São Félix do Araguaia, MT e Imperatriz, MA.

Passei.E agora?

As políticas públicas de acesso à educação vem melhorando tanto para índios como para não-índios, seja por meio das cotas ou por editais específicos como esse. Entretanto, facilitar a entrada dos índigenas na faculdade não assegura que eles terminem o curso. Daniel Munduruku, escritor e filosófo, conta que quando saiu de sua aldeia e foi morar em Belém (PA) estranhou muito o mundo da cidade e viu muitos colegas desistirem por não se adptarem e/ou pela ausência de recursos para alimentação, transporte etc. “É preciso levar em consideração a diversidade cultural do universo indígena brasileiro e não reduzi mais de 250 povos ao termo índio. É necessário políticas públicas diferenciais para grupos indígenas específicos para que os indígenas possam ser preparados para aproveitar o que a cidade pode oferecer, já a nação indígena precisa adquirir uma consciência além de sua cultura para comprender as outras culturas e  assim criar uma rede de solidariedade entre os povos e a cidade precisa entortar seu pensamento para entender o pensamento índigena que é diferente do seu”.

Labé Karajá mora na aldeia JK, distante 7 minutos de barco de São Félix do Araguaia, MT. Os Karajá, Iny, como se auto denominam, estão acostumados com a presença da Universidade Federal de Goiás. Muitos professores indígenas da Ilha do Bananal se formaram nesse curso. Labé ingressou no ano passado. 

Por destino, viajamos no mesmo ônibus quando ele estava no caminho para realizar sua matrícula. Para pagar a passagem, que na época custava 360 reais ida e volta, Labé mandou ofício, ligou, compareceu na Funai, Funasa, na prefeitura de Lagoa da Confusão, TO, onde está o território indígena, esteve na prefeitura de São Félix e na Câmara Municipal de Lagoa e o que conseguiu se resume a algumas promessas de um incerto talvez. 

Resultado, ele teve que espremer seu salário de agente de saúde e com ajuda dos amigos e familiares obteve a quantia necessária para pegar o ônibus que o deixaria na capital goiana. “Um de nossos colegas, da aldeia Santa Izabel, não conseguiu juntar o dinheiro e não veio. A gente estava esperando uma resposta da Câmara [ de Lagoa da Confusão] e quando sai de São Félix eles ainda não tinham respondido.” Era uma terça-feira e o prazo terminava na quarta. Passado algum tempo perguntei a Labé se o jovem que havia ficado em São Félix tinha conseguido chegar em Goiânia e ele me disse que não.

Escrito por: Rizza Matos

Fonte; http://www.axa.org.br


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