Os
índios prometem ignorar a decisão da Justiça, que determinou nova reintegração
de posse até hoje (4), e ameaçam permanecer na Fazenda Buriti, em Sidrolândia a
79 quilômetros de Campo Grande. Eles voltaram às terras menos de 24 horas
depois da reintegração cumprida pela Polícia Federal na quinta-feira (30).
"Estamos
com firmeza nas nossas decisões. Queremos as terras demarcadas e não dá para
ficar ouvindo assunto de multas. Existe um povo que deve ser olhado",
disse o líder indígena Alberto Terena sobre a decisão da juíza federal
substituta em plantão, Raquel Domingues do Amaral.
Neste
domingo (2), a juíza estabeleceu multa diária de R$ 1 milhão para a União e a
Funai (Fundação Nacional do Índio) se os terenas não desocuparem a área em 48h.
O prazo se esgota nesta terça-feira (3).
Alberto
afirmou que os indígenas guardam o prazo de 15 dias, estabelecido em reunião
com representantes do Governo Federal e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça),
para que uma solução seja apresentada para as demarcações em todo o Mato Grosso
do Sul.
Entretanto,
a comunidade ainda está revoltada com a morte de Oziel Gabriel, de 35 anos, por
isso houve as ocupações da Fazenda Cambará, também em Sidrolândia, e da Fazenda
Esperança, em Aquidauana a 143 quilômetros de Campo Grande.
"Nenhuma
pressão política ou militar vai fazer com que nós desistamos do nosso direito
estabelecido em constituição. Nós não estamos invadindo ou inventando algo.
Queremos o que é nosso", opina o líder sobre a situação.
Questionado
sobre o interesse do Governo Federal em apaziguar o conflito entre indígenas e
produtores rurais, Alberto acredita que a situação é momentânea. "A gente
sabe que eles estão querendo dizer e mostrar ao mundo que têm vontade em
resolver as demarcações. Mas existe uma grande possibilidade de ser por pouco
tempo", acredita.
"Estamos
com resistência. Se o governo quer matar mais índio é só fazer reintegração de
posse. É uma revolta geral na comunidade", disse Dionedson Terena, um dos
indígenas que participaram da retomada.
Sobre
o cumprimento da decisão judicial, a Funai afirmou à reportagem que a
orientação dada aos indígenas é que eles deixem as terras da Fazenda Buriti,
mas a decisão da comunidade é de permanecer no local. "O clima ainda está
tenso", afirma a fundação.
Fonte: Midiamax
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