Índios
conversam com o senador Delcídio Amaral (PT-MS), em Brasília, sobre demarcação
de terras. Um movimento organizado pela Frente Parlamentar da Agropecuária do
Congresso, com o apoio de grandes e pequenos produtores rurais, interrompeu o
tráfego em rodovias federais e estaduais nesta sexta-feira (14) em pelo menos
cinco estados do país. A manifestação serve para protestar contra as
demarcações de terras indígenas pela Funai (Fundação Nacional do Índio),
consideradas "abusivas" pelos ruralistas.
Em
Mato Grosso do Sul,
a manifestação interrompeu o fluxo no entroncamento das BRs 163 e 267, em Nova
Alvorada do Sul, e teve a presença da presidente da CNA (Confederação Nacional
da Agricultura), senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Na ação, os ruralistas
distribuíram pacotes com sementes de hortaliças.
O
fluxo nas duas rodovias é interrompido por intervalos de 30 minutos e depois
liberado até que o trânsito se normalize. O bloqueio deve ser mantido até por
volta de 14h. Segundo os organizadores, o movimento quer a suspensão dos
processos de demarcação no estado e a indenização dos produtores em caso de
desapropriação. Cerca de 2 mil produtores participam do protesto.
Na
semana passada, a reintegração de posse da fazenda Buriti, em Sidrolândia,
provocou conflito entre índios e PMs. A fazenda havia sido invadida em maio por
integrantes de etnia terena, que se baseiam em laudos da Funai para reivindicar
o local. O presidente do Sindicato Rural de Sidrolândia, Osório Luiz
Estralleoto, disse que os produtores aceitam vender as terras ao governo, desde
que a indenização cubra o valor de mercado das propriedades.
"Nós
aceitamos vender as terras, mas o governo tem que pagar o que é justo. Esse
impasse se arrasta há mais de 13 anos. Sabemos que os índios são vítimas de
entidades que incitam a ocupação das fazendas", disse fazendo referência
ao CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e à própria Funai.
No
Paraná,
o prefeito de Guaíra, Fabian Vendruscolo, decretou ponto facultativo aos
servidores públicos municipais lotados nas secretarias de Indústria e Comércio,
Turismo, Agricultura e Meio Ambiente, Infraestrutura, Esportes e Lazer,
Administração e Fazenda entre as 12h e 15h em apoio à manifestação nacional
vinculada à questão agrária indígena.
A
manifestação, apoiada pelo Sindicato Rural de Guaíra e Associação Comercial e
Empresarial de Guaíra, deixou o trânsito lento na ponte Ayrton Senna, que liga
o Paraná a Mato Grosso do Sul. A secretária-geral da ONGDIP (Organização
Nacional de Garantia ao Direito de Propriedade), Tatiana Alvarenga, disse que
cerca de 1,5 mil produtores aderiram ao protesto. "Estamos fazendo uma
panfletagem pacífica, apenas de conscientização e para explicar melhor a comunidade
o que está acontecendo. Mas como a sexta-feira é um dia de muito movimento, o
fluxo de carros acabou prejudicado", reconheceu.
No
Rio Grande do Sul,
seis trechos de rodovias foram interrompidos em Getúlio Vargas, Mato
Castelhano, Nonoai, Maquiné, Pontão e Sananduva. Na BR 101, entre Osório e
Maquiné, o sentido Litoral-Porto Alegre foi totalmente interrompido e causou
congestionamento de 3 quilômetros. O sentido norte teve apenas uma pista
bloqueada, mas mesmo assim também causou transtornos aos motoristas. O protesto
deve ser encerrado às 14h.
No
norte, entre Getúlio Vargas e Mato Preto (RS-135), e em Pontão (RS-324), no km
151, os bloqueios são parciais, com fluxo de veículos liberado a cada 30
minutos. Os protestos ocorrem também no trevo de acesso a Sananduva (ERS-343) e
entre Nonoai e Faxinalzinho (ERS-343).
Os
ruralistas de Mato Castelhano fecharam o quilômetro 272 da BR 285, que liga a
cidade a Passo Fundo. Os agricultores paralisaram a pista nos dois sentido e
policiais estão no local. O deputado federal Luís Carlos Heinze (PP), um dos
principais articuladores do movimento, informou que 1.995 famílias gaúchas
estão ameaçadas de perder um total de 48 mil hectares. "Muitas dessas
famílias possuem a escritura há mais de cem anos", afirmou. Os produtores
se mobilizam também contra a concessão de terras a quilombolas.
Em
Santa Catarina,
fazendeiros, agricultores e comerciantes do interior integraram hoje o
protesto. Houve paralisação do tráfego em cinco rodovias, mas nenhum incidente
grave foi registrado. O Estado tem 18 mil índios e áreas em disputa no norte e
oeste, além de um assentamento guarani bem no meio do caminho da BR 101, na
Grande Florianópolis.
Os
protestos na região metropolitana da capital ocorreram com o fechamento
temporário da BR 101, provocando filas de 5 km nos dois sentidos, no Morro dos
Cavalos, conforme a Polícia Rodoviária Federal. Os manifestantes estão usando a
tática de fechamento relâmpago, recuam para o acostamento e minutos depois
repetem o bloqueio.
Ali,
um antigo acampamento guarani precisa ser removido para obras de duplicação da
rodovia, formando um gargalo que causa grandes congestionamentos em várias
ocasiões. Moradores da localidade de Enseada do Brito começaram os protestos às
9h30m, muitos deles levando crianças em idade escolar. Caso os índios ganhem
aquela área disputada, estima-se que cerca de 400 famílias terão que sair.
No
oeste, a manhã teve o fechamento da BR 282. Cerca de 800 fazendeiros e seus
peões bloquearam rodovia no entroncamento com a BR 158. A PRF negociava a
liberação de grupos de caminhoneiros, sem violência.
Houve
paralisações também nas rodovias estaduais SC-283 e SC-467, no extremo-oeste.
Na pequena cidade de Abelardo Luz o comércio promete fechar entre 13h e 14h30,
mas sem maiores consequências porque é costume na região fechar para a
siesta.
Em
Cuiabá, em Mato
Grosso, a mobilização provoca congestionamentos na junção das
BRs 364 e 163, próximo ao posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no sentido
Rondonópolis.
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