O
Conselho Indigenista Missionário (Cimi) voltou a atacar, na terça-feira, (4) o Governo
Federal, afirmando que trata de maneira desigual as partes envolvidas nos
conflitos pela demarcação de terras indígenas no País. Em nota oficial, a
instituição lembrou que, desde sua posse, em janeiro de 2011, a presidente
Dilma Rousseff nunca recebeu uma delegação indígena para tratar de demarcações
ou de outros assuntos do seu interesse. Por outro lado, segundo o Cimi, ela
franqueia o seu gabinete a líderes ruralistas, que se defrontam com os índios
no debate sobre a posse das terras.
"Somente
no mês de maio, a presidenta reservou tempo em sua agenda para ao menos cinco
encontros com representantes dos ruralistas, inimigos históricos dos povos
indígenas", diz a nota. O texto ainda lembra que a senadora Kátia Abreu
(PSD-TO), presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),
esteve com Dilma duas vezes no período em que as tensões aumentavam na zona
rural do Mato Grosso do Sul e também no canteiro de obras da usina hidrelétrica
de Belo Monte, no sul do Pará.
O
distanciamento da presidente, segundo o Cimi, seria uma demonstração de que o
governo federal "não entende e não está disposto a entender os povos
indígenas brasileiros".
A nota
foi emitida um dia após a ministra Gleisi Hoffmann ter se reunido com o bispo
Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), instituição à qual o Cimi está subordinado. Indiretamente, o
texto reforça um dos três pedidos que o representante do episcopado brasileiro
havia feito à ministra no encontro do dia anterior.
Impressões
Em
primeiro lugar, d. Leonardo pediu que o governo não interrompa as demarcações.
A paralisação de processos no Paraná e no Rio Grande do Sul, apoiada pela
própria Gleisi, seria equivocada, segundo a CNBB. Em segundo lugar, o bispo
pediu que a presidente receba uma delegação indígena. E, por fim, enfatizou que
a Fundação Nacional do Índio (Funai) tem de ser fortalecida, e não ter seu
papel reduzido.
O pedido
da audiência foi claro e enfático. Em nenhum momento, porém, a ministra deu a
entender que apoia a ideia. A impressão que Gleisi deixou na CNBB, segundo
assessores da organização, é que sua ida até lá foi apenas uma tentativa de
conter a onda de críticas do Cimi e de outras ONGs ao governo. Não foi uma boa
impressão, segundo essas fontes.
O
secretário-geral da CNBB já atuou na Prelazia de São Félix do Araguaia, Mato
Grosso, é bastante sensível ao tema e acha que o melhor caminho é o diálogo.
Daí sua insistência para que a presidente receba os índios e ouça deles
diretamente o que têm a dizer.
Informações;
Jornal O Estado de S.Paulo
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