O
Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lança nesta quinta-feira (27), na sede
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), às 9hs,
o Relatório: Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, Dados de 2012. O
levantamento abrange diversas categorias de violência contra povos e
comunidades de todo o país.
Dados
como o aumento de assassinatos de indígenas, o colapso da saúde, os crescentes
casos de suicídios, que a cada ano bate recordes, e a baixa execução
orçamentária do governo Dilma Rousseff na demarcação de terras serão revelados
ao conjunto da sociedade brasileira.
“Queremos
demonstrar em números o que acontece na prática e tem motivado a mobilização
dos povos indígenas em busca de seus direitos, de suas terras. Nossa intenção é
revelar o ciclo da violência, mostrando que ela é resultado de um processo
maior”, afirma o secretário executivo do Cimi, Cleber Buzatto.
Há
pelo menos 20 anos o Cimi sistematiza informações levantadas por suas equipes
espalhadas pelo Brasil, que atuam próximas ou até mesmo nas próprias áreas
indígenas. Dados pesquisados junto aos órgãos públicos e notícias veiculadas
pela imprensa também servem de base ao relatório.
Conflito
pela terra, violências praticadas contra o patrimônio e contra povos em
situação de isolamento, violências por omissão do Poder Público e violências
praticadas por particulares ou agentes públicos estão elencadas no levantamento
do Cimi.
Em
cada uma das categorias são especificados os tipos de violências, que vão desde
a morosidade na regularização das terras até assassinatos, ameaças de morte,
racismo, disseminação do alcoolismo e mortalidade infantil. Aliado a todos
esses pontos, está a diminuição acentuada do rítmo das demarcações de terras no
país.
O
trabalho é coordenado pela antropóloga Lúcia Helena Rangel, professora da
PUC/SP e assessora do Cimi, que apresentará o relatório e prestará
esclarecimentos aos participantes e imprensa. Dom Erwin Kräutler, presidente do
Cimi e bispo da Prelazia do Xingu, Pará, também estará presente.
“A
carta dos Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay comoveu todo o país, com
repercussão no mundo, ao decidirem que só saem de suas terras mortos. Isso
espanta a nossa sociedade”, aponta Dom Erwin, em referência à carta que rodou o
mundo em 2012 comunicando a decisão que, para os indígenas, era uma espécie de
suicídio dada a violência física a que estão submetidos.
No
relatório também está outro caso que marcou o movimento indígena em 2012: a
Operação Eldorado, que levou dezenas de agentes da Polícia Federal e soldados
da Força Nacional para a aldeia Teles Pires, do povo Munduruku, no Pará, e
terminou com o assassinato do indígena Adenilson Kirixi Munduruku, que morreu
depois de levar um tiro em cada perna, na altura dos joelhos, e outro na testa.
O crime ainda está impune e revela que a violência contra os povos indígenas
parte de quem deveria defendê-los: o próprio Estado e governo federal.
Outras informações: (61) 9979.7059
ou (61) 2106.1670 - Patrícia Bonilha, Assessoria de Comunicação do Cimi
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