Após
dez anos sem representação legítima na região do alto rio Solimões, lideranças indígenas
dos povos Tikuna, Kambeba, Kaixana, Kokama e Kanamari criaram naquela
localidade do Estado do Amazonas, a Federação das Organizações e dos Caciques e
Comunidades Indígenas do Alto Solimões (Foccias). A nova entidade surge com
propósitos idênticos a outras federações importantes como a Foirn (rio Negro),
a Focimp (médio Purus) e Akang (baixo Amazonas), que tem em comum, defender os
direitos dos povos indígenas.
A
Foccias foi criada durante a 1ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas do Alto
Solimões, que reuniu lideranças, organizações indígenas e representantes
governamentais e de outras instituições, no período de 27 a 30 de março, na
aldeia tikuna Vendaval, localizada no município de São Paulo de Olivença (a 988
quilômetros de Manaus). A nova entidade será formalizada apenas em setembro
deste ano, em Santo Antônio do Içá (a 888 quilômetros de Manaus), na comunidade
indígena Betânia, durante assembleia específica para a aprovação do estatuto e
regimento interno da Foccias.
O
evento teve o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado
para os Povos Indígenas (Seind), que foi representada pelo titular da pasta,
Bonifácio José Baniwa, em mais uma ação do plano de trabalho da câmara técnica
Melhoria da Qualidade de Vida dos Povos Indígenas, do Comitê Gestor de Atuação
Integrada entre o Governo do Estado e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
O
secretário da Seind explanou sobre os projetos desenvolvidos em benefício das
populações indígenas e que estão em pleno andamento, com destaque para o
“Arranjo Produtivo do Artesanato Indígena do Alto Solimões”, que é executado em
com o Ministério da Integração Nacional, e o “Manejo Pesqueiro das Terras
Indígenas Eware 1 e Eware 2”, que tem a parceria do Instituto de pesquisa da
Amazônia (Inpa) e é executado por meio do Projeto de Desenvolvimento
Sustentável do Estado do Amazonas (Proderam), com financiamento do Banco Mundial (Bird).
Diretoria
A
diretoria da Foccias é formada por Paulo Mendes Tikuna (presidente), Jorge
Kaixana (vice-presidente), Isaías Gabriel
Tikuna (secretário), Maria Zenilde Kokama (vice-secretária), Roberio Ramires
Kambeba (tesoureiro) e Valdenis Samias da Costa Kanamari (vice-tesoureiro).
Cacique
Além da
diretoria, a assembleia elegeu o novo cacique geral do alto Solimões, Pedro
Inácio Tikuna. “Cabe a ele a última palavra em relação a qualquer tomada de
decisão junto aos indígenas do alto Solimões”, ressaltou Sinésio Isaque.
“Coordenamos tudo e conseguimos reunir quase trezentos indígenas durante quatro
dias, sendo setenta e dois caciques, entre eles lideranças indígenas como
Jecinaldo Sateré, do baixo Amazonas, e Jorge Marubo, de Atalaia do Norte”,
informou o coordenador de Promoção Social Indígena da Seind, Sinésio Isaque,
também do povo Tikuna e natural de Santo Antônio do Içá.
Piasol
A 1ª
Assembleia Geral dos Povos Indígenas do Alto Solimões também foi importante
para que os indígenas discutissem temas relevantes como educação, política,
fortalecimento e desenvolvimento das comunidades indígenas, além da organização
e luta do movimento indígena no alto rio Solimões, sustentabilidade,
participação indígena no Governo do Amazonas e segurança. Em relação a esta
última, as lideranças indígenas decidiram alterar o nome da Polícia Indígena do
Alto Solimões (Piasol) para Segurança Comunitária Indígena (SCI). “Segurança
significa Toü, em tikuna, e quer dizer homens preparados para guerrear a
qualquer momento”, destacou o coordenador de Cultura, Esporte e Lazer da Seind
e também representante da Seind na assembleia, Rafael Tikuna.
Postado
por portal seind às 09:22h
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