sexta-feira, 26 de abril de 2013

Deputado Roberto de Lucena (Pv-SP) sugere um Presidente Indígena na FUNAI e estranha posicionamento do CIMI/ CNBB diante de infanticídio nas aldeias indígenas


O deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP), foi à tribuna da Câmara dos Deputados no dia (18), para registrar seu estranhamento diante da posição do Conselho Indigenista Missionário, órgão ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sobre o infanticídio que ocorre em diversas aldeias no País. “É um posicionamento, inclusive de confrontamento”, e também sugeriu um Presidente Indígena na Funai - disse.

"Em uma semana emblemática, em que se comemora o Dia do Índio, a Funai, que deveria ser a maior interessada nas questões indígenas, deixa de estar presente e sequer se faz representar [nesta reunião].

O parlamentar, que é vice-líder do PV na Câmara, citou a recente reportagem do Jornal Folha de São Paulo sobre o tema. Na matéria, são divulgados dados estarrecedores. Cerca de 350 crianças indígenas são eliminadas, em diversas etnias, em todo o Brasil, pelo fato de terem nascido gêmeas, com algum tipo de deficiência física ou filhos de mães solteiras. “Essas crianças são afogadas em rios e sepultadas vivas. E sobre essas mortes se ergue, como uma lápide, o silêncio constrangedor de toda a sociedade” – desabafa do deputado.

Roberto de Lucena informou que no ano de 2007, este tema chegou à Câmara por meio do projeto de lei do deputado Henrique Afonso (PV-AC). O projeto foi batizado com o nome de Lei Muwaji, numa referência à índia Muwaji Suruwahá, que se tornou um símbolo dessa luta em defesa da vida da criança indígena. O projeto reivindicava a condição, inclusive, de responsabilizar agentes públicos por omissão nos casos de morte desses recém-nascidos.

“Hoje, o texto é mais brando. Foi atenuado por interferência da Relatora, a ilustre Deputada Janete Pietá, do meu Estado de São Paulo. No texto, a deputada fala de conscientização e de convencimento em vez de penalizar. Ela sugere, inclusive, a criação do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente Indígena, o que entendo e reputo como importante avanço”- disse o deputado.

O deputado Roberto de Lucena disse ainda que espera ver o projeto aprovado, também, na Comissão de Constituição e Justiça. “É preciso que se reconheça, Sr. Presidente, que uma pequena parte das etnias indígenas do País ainda insistem nessa prática. 

Mas nós precisamos nos levantar, precisamos aprovar a Lei Muwaji e, como Congresso Nacional, precisamos identificar a nossa postura diante da vida, a nossa posição diante da vida. É uma questão de bioética. 

E nós precisamos, enquanto Câmara dos Deputados, enquanto Congresso Nacional, decidir pelo entendimento de que a vida é mais importante do que a cultura; ela deve estar acima da cultura.

Nós respeitamos as tradições e a cultura dos povos indígenas, mas, acima da cultura, acima das tradições, deve ser colocado o valor da vida” – finalizou.

Marcos Marabá
assessoria de imprensa

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