Cerca
de 28% da Reserva Biológica do Gurupi, no Maranhão, já foi devastada pela
extração ilegal de madeira - Rodrigo Baleia Greenpeace.
A
Reserva Biológica do Gurupi, uma unidade de conservação de proteção integral
localizada no estado do Maranhão, “é talvez o remanescente florestal mais
importante da Amazônia oriental”. A declaração foi do diretor de Ações
Socioambientais e Consolidação Territorial em Unidades de Conservação do
ICMBio, João Novaes. Em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados e
sob pressão dos movimentos sociais do entorno da reserva, ele anunciou a
criação, até 25 de agosto, de um conselho gestor para regularizar a situação
fundiária da Rebio, na tentativa de limar os diversos conflitos socioambientais
que assombram a região.
Durante
debate na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da
Amazônia, o diretor do ICMBio ouviu as demandas dos representantes dos
movimentos e confirmou uma audiência pública para meados de julho em Centro
Novo do Maranhão, município que tem pelo menos 70% de seu território dentro dos
limites da unidade. O objetivo é discutir com a população local o processo de
regularização territorial da reserva.
“A
Rebio tem uma relevante função ambiental a cumprir, pois abriga um número
elevado de espécies ameaçadas da região. Mas para que sua proteção seja
efetiva, precisamos identificar as falhas na dinâmica das operações na unidade
com a sociedade local. O produtor rural precisa ter segurança jurídica para
poder exercer seus direitos”, afirmou Novaes.
Segundo
ele, os conflitos por terra no entorno e dentro da reserva são o grande
problema que tem ocasionado um forte aumento no desmatamento nos últimos 15
anos. “Não acreditamos em regulamentação de unidades de conservação que não
respeite os direitos de suas populações. A fiscalização é importante, pois
existe o tráfico ilegal de madeira e diversas outras irregularidades, mas
também há pessoas de bem, querendo exercer seus direitos. Não devemos permitir
que o ilegal se beneficie da missão do Estado de não prejudicar o pequeno
produtor.”
Sandra
Aguiar, representante dos movimentos sociais da região, alertou para a
necessidade de o governo ser parceiro das comunidades locais. “Nós estamos do
mesmo lado. Somos contra os madeireiros, pois nós também vivemos da floresta.
Vemos madeira saindo da reserva, mas não podemos fazer nada, pois somos
ameaçados. Queremos a regularização também por proteção. Não pode mais haver violência
na região. Aquilo lá é um barril de pólvora, e se a gente quiser, a gente
acende o pavio.”
Histórico
de devastação e conflitos
Com
mais de 341 mil hectares, a Rebio criada em janeiro de 1988 é palco de intensa
disputa territorial desde a década de 1970, quando o governo incentivou a
ocupação da porção norte e nordeste do país. Pequenos produtores rurais vieram
junto com posseiros e madeireiros, que trouxeram irregularidades como a
extração e o comércio ilegal de madeira. Mesmo possuindo plano de manejo para
uso de sua área florestal, a reserva vem sendo severamente desmatada desde
então.
Até
2011, cerca de 28% da reserva foi devastada pela exploração ilegal de madeira,
atividade que causou os mais graves danos à unidade. As espécies mais
procuradas pelos madeireiros são maçaranduba e jatobá, de alto valor comercial.
Mesmo com toda a degradação, a Rebio do Gurupi ainda representa um recorte
importante do ponto de vista da preservação da biodiversidade. Junto com três
Terras Indígenas no entorno - Alto Turiaçu, Awá e Caru, a Rebio compõe o último
grande bloco de remanescente florestal na região.
Postado por Nathália
Clark
Nenhum comentário:
Postar um comentário