Nós,
caciques e lideranças Ava-Guarani do Oeste do Paraná reunidos no Tekoha
Itamarã, no município de Diamante d’Oeste, entre os dias 26 e 28 de junho de
2013, com apoio da Comissão Guarani Yvyrupa e da Comissão da Terra Guarani do
Paraná, exigimos a continuidade dos Estudos de Identificação e Delimitação de
nossas terras de ocupação tradicional.
Nossos
antepassados e nossas famílias viveram e vivem nessas terras há várias gerações
e o Estado brasileiro nunca reconheceu nossos direitos territoriais nessa
região do país. Ao longo da colonização sofremos diversas violências, fomos
expulsos de parte de nossas terras, levados a força para outros lugares,
escravizados, e com o fruto de nosso trabalho se construiu o Estado brasileiro
e principalmente o estado do Paraná. E agora setores do próprio Governo e a
mídia querem dizer que não somos brasileiros? Nós somos brasileiros e somos
indígenas Ava-Guarani, e por isso exigimos a garantia de nossos direitos
assegurados constitucionalmente.
Hoje
somos mais de 3 mil índios Ava-Guarani no Oeste do Paraná, vivendo a maioria em
áreas não regularizadas e sofrendo violências semelhantes ou até piores do que
as ocorridas no período colonial e na ditadura militar, como o alagamento de
nossas terras com a construção da Usina Itaipu.
Atualmente,
pela falta de regularização das terras, não temos acesso a nosso direito à
educação, nossas crianças são discriminadas nas escolas, chegando a ser
trancadas nas salas de aula para não comerem a merenda. Além do que um número
cada vez maior de nossos jovens tem se suicidado devido ao preconceito gerado
pela sociedade não-indígena. A mesma coisa acontece com a saúde, porque não
existe Pólo Base para o nosso atendimento. Sem médicos, carros e estrutura
suficiente para nos atender somos muitas vezes obrigados a nos consultar na
cidade, onde somos discriminados nos Postos de Saúde, somos sempre os últimos a
ser atendidos e não respeitam nosso direito ao atendimento diferenciado de
saúde. Nem mesmo a estrutura de saneamento básico e abastecimento de água
potável é garantida na maioria de nossas comunidades.
Como
vivemos em áreas pequenas e não recebemos apoio para nossas atividades
produtivas, muitas vezes somos obrigados a trabalhar fora de nossas comunidades.
Nos últimos meses, fomos demitidos das empresas que nos ofereciam trabalho e
devido à falta de reconhecimento de nossas terras não estamos conseguindo
sobreviver com dignidade.
Por estes
motivos, repudiamos a maneira como o estado brasileiro tem tratado o nosso
povo, negando o reconhecimento de nossos direitos humanos fundamentais e
incentivando o preconceito contra nossos parentes e nossas famílias,
principalmente nos municípios de Guairá, Terra Roxa e Santa Helena. Por isso
nós, Povo Ava-Guarani, crianças, idosos e lideranças, exigimos respeito do
governo para a garantia de nossos direitos, principalmente o reconhecimento de
nossas terras, pois o Povo Avá-Guarani faz parte desta terra e a nossas terras
são a base de nossa sobrevivência e da manutenção da nossa cultura.
Diamante
d’Oeste, 28 de junho de 2013.
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