Grajau-MA,
24 de fevereiro 2013
Das:
Comunidades indígenas guajajara das regiões; Bacurizinho, Bananal e Ipú (Terra
Indígena Bacurizinho, Aldeias da T.I. Morro Branco (Grajaú-MA) e Aldeias T.I
Urukú Juruá (Itaipava do Grajaú-MA).
Para:
Secretário de Estado da Educação - MA
Att: Pedro Fernandes Ribeiro
Ministério Público Federal
Att: Dr. Alexandre Silva Soares
Coordenador Regional da FUNAI-MA
Att: Sr. Júlio César Gomes Pinho
Imprensa
Prezados
Senhores,
O
povo indígena Guajajara acima mencionados, que representam aproximadamente 70
(setenta) aldeias. Vêm por meio deste abaixo assinado, repudiar e informar que
estamos indignados e revoltados com o resultado do processo seletivo
simplificado para contratação temporária de professores das escolas indígenas.
Edital nº 001/2013 SEDUC-MA de 25 de Janeiro de 2013.
Todos
os professores indígenas e não indígenas que já vem trabalhando com nossos
alunos indígenas, fizeram suas inscrições, porem a maioria foi desclassificada
e muitos professores não indígenas que sequer tem serviço prestado junto ao
nosso povo foram classificados.
Em
outra situação, como é o caso do Centro de Ensino Indígena Raimundo Lopes, da
Aldeia Bacurizinho, Grajaú-MA, em que professores indígenas fizeram suas
inscrições para a categoria Língua Indígena, no resultado do seletivo as vagas
estão desertas. Para registrar, por exemplo, o Sr. Cali Melquiades Sousa Filho,
que sempre lecionou Língua Materna, está como Excedente, na clara demonstração
de critério duvidoso para avaliação e pontuação dos currículos. Nos anexos do
Edital de nº 001/2013 do processo seletivo, um dos critérios de pontuação é por
ser indígena, adquirindo garantia de 20 (vinte) pontos, porém o indígena Wilson
José Ribeiro, professor indígena do Centro de Ensino Indígena Raimundo Lopes,
Aldeia Bacurizinho, Grajaú-MA, sequer apareceu na lista de Excedentes.
Por
todos os problemas mais uma vez criado pelo Estado, que para nós já não é
surpresa, antecipamos para informar que não acataremos a tentativa de imposição
do Estado, quanto ao contrato de qualquer professor a ser lotado em nossas
aldeias. Basta esse eterno desrespeito do governo do Estado do Maranhão com o
nosso povo indígena.
Temos
as garantias constitucionais, e nela está inserida o direito a uma educação
diferenciada e especifica, que também vêm reforçado com Tratados
Internacionais, como a Convenção 169 da OIT, que menciona em um dos trechos:
“Direito de consulta prévia em todos os atos afetos. A formulação, a aplicação
e a avaliação dos planos e programas de desenvolvimento Nacional e Regional,
susceptíveis de afetá-las diretamente”.
Diante
do comportamento do Estado, podemos observar que o Governo do Estado do
Maranhão não prioriza e não tem assumido com responsabilidade a Educação
Indígena, senão vejamos:
1 –
Todos os anos temos que enfrentar essa maratona de bagunça que é o contrato de
professores das escolas indígenas;
2 –
Muitas escolas indígenas funcionam de forma irregular (já deveriam ter sido
regularizadas);
3 –
O Governo do Estado faz propaganda de que está qualificando 33 (trinta e três)
professores (qualificação em licenciatura intercultural na UFG). Do total de
954, isso representa aproximadamente 3%, restam 921. Quando serão qualificados?
4 –
Propagam também que os kits pedagógicos e fardamentos foram entregues. Mas
esqueceram de dizer que às vezes os materiais permanecem até 02 (dois) anos ou
mais nas URES. Quando os próprios professores têm que sacrificar os seus
salários para alocação de transporte dos materiais até as aldeias;
5 –
Todas as escolas têm direito a merendeiras, zeladoras, vigilantes e formação
continuada aos professores. E nossas escolas já tiveram isso?
Por
tudo que relatamos pedimos que o resultado do seletivo da nossa região seja
revistos e que a justiça adote providências necessárias com o objetivo de
resolver os problemas citados.
Esqueceram de comentar do salario que esta muito defasado, sendo que existem professores que se deslocam da sua residencia ha mais de 50 quilômetros para ministrar aulas, correndo riscos nas estradas. Isso é um desrespeito tanto com os indigenas quanto com os professores não indigenas. Sera que o salario dos governantes também congelaram?
ResponderExcluirIsso é uma vergonha!
Professora